Monday, March 30, 2009

Um Crime Mundial

Não como Leaving New York numa noite de sexta-feira após uma longa semana de provas.
Tão masoquista quanto clássico.

É um tipo de tortura necessária. O homem que o faz por si e espera ansioso a chance de externar seus traumas, suas dores. O bode expiatório se coloca em sua frente a cada esquina.

Maldade inerente. Maldade de difícil percepção. É fácil ser o que querem, padronizar-se. E é este o grande perigo de ter na bondade e no coleguismo qualidades essenciais para uma boa aceitação social.
Eu admiro aqueles que se vestem de egoísmo e de desumanidade, quando o são. Dão-nos a oportunidade de nos afastar e de perceber o quanto podem nos fazer mal.

"Um Crime Americano" é um filme interessante. Há anos não sentia o que senti ao vê-lo. Falta de ar, desânimo absoluto, revolta, medo. E saudades de tudo que já me fez feliz. É duro admitir que por vezes é necessária a dor de um outro para que percebamos as nossas próprias dores e o nosso desejo de sermos felizes.
Tão forte quanto o desapego e/ou o descrédito com os próprios sentimentos é a necessidade de vez ou outra termos algum contato com o pior lado das piores pessoas, para que percebamos uma série de verdades. "Um Crime Americano" me tirou horas de paz. Horas do dia de ontem, horas do dia de hoje e, gostaria eu, horas do dia de amanhã, já que é fato e biológico que além de se adaptar a traumas físicos, nosso corpo e mente é uma máquina eficiente em adaptar-se a traumas, medos e desiluções. Mais do que a maioria das pessoas pensa que é, e provavelmente, mais do que deveria ser.

Bem, o filme em questão procura contar a história de Sylvia Likens, uma adolescente que é mantida num porão por algumas semanas. Torturada de várias maneiras, morre de choque e hemorragia cerebral. A Necrópsia revelou mais de 150 lesões. O filme, [como provavelmente cada uma das pessoas que conheço. E eu, mais vezes do que gostaria] comete alguns erros, como uma manobra ridícula e desnecessária que nos leva a uma falsa percepção. O diretor joga com os sentimentos do espectador com a clara intenção de entretê-lo, o que se torna cruel, já que estamos falando de um filme baseado em fatos reais e em um dos piores crimes já cometidos a uma só pessoa.


É um filme forte e potencialmente verdadeiro. É a desumanidade de uns imprimindo e forçando a humanidade de outros. E eu espero apenas que algo assim aconteça, e que ajude minimamente para que a morte dessa menina e de tantos outros, procure alguma explicação.

6 comments:

Mariana said...

vou assistir :) saudade, amor. (L) ;@

Elinaldo said...

psicossomático teu texto...fabuloso!

estafermo said...

"O diretor joga com os sentimentos do espectador com a clara intenção de entretê-lo, o que se torna cruel, já que estamos falando de um filme baseado em fatos reais e em um dos piores crimes já cometidos a uma só pessoa."

Baby, se não fosse assim, não seria cinema e mais, não teria a assinatura de um diretor, um olhar.

Mas o texto me parece muito honesto. Gostei e fiquei curioso sobre o filme. =D

Einstein² said...

adooroooo

Lívia Escorel. said...

TÔ B-E-S-T-A!!! Rei da gatolândia,como tu escreve bem!! Adooro escrever! Me deu uma vontade louca de tornar isso um hábito de novo. Vou fuçar teu blog loucamente!! =P~~
ADORO.

Lívia Escorel. said...

Atualiiizaaa!!! =P