Tuesday, December 15, 2009

envelhecendo na cidade

envelhecer nunca fez parte dos meus planos (e vem acontecendo todo dia).

dessa maneira não recebo mais as mesmas ligações, pelo menos metade dos recados e dos abraços são de novos amigos.

claro que existe a necessidade de crescer junto, de envelhecer a ligação, de saber decoradinho o dia do aniversário do outro sem precisar da ajuda do orkut. de perceber pelo olhar desses amigos, rosto, expressão, tom e tudo mais o que mudou na relação de vocês, comparando com os mesmos sinais que te foram dados no ano que passou. me preocuparia que exatamente a mesma pessoa estivesse comigo um ano depois do último dia 15. mudar é socialmente aceito, biologicamente natural e me apetece muito.
da minha maneira interpretar as mudanças é como consigo manter algumas relações saudáveis. pena que as relações que valeriam a pena foram prejudicadas por mudanças. não percebidas, mas nem por isso intencionais.


amigos adiante.
especificamente num outro dia meu,
24/03 de 2008. começando um novo namoro. a primeira mensagem sobre o assunto foi mandada pra rosana, antes mesmo que eu pudesse processar a coisa, segundos depois de ter acontecido. levantei, devo ter ido ao banheiro, depois me levei pra varanda e comecei a escrever a mensagem. desde o início era dela.

esse dia é nosso gata. vamos fazê-lo o melhor, somente por nos pertencer.
ah,
te amo. e me amo também. com 20 anos, 21, 22...


feliz dezembro. feliz dia 15. feliz 2010 para nós.


ah,
só pra constar. vou ganhar três festas surpresa hoje. espero que os meninos não leiam esse post agora. tá. ainda não sei de nada e tudo me surpreenderá. obrigado. amo vocês.

Sunday, May 24, 2009

cinco minutos encapsulado.

Bruno Amorim diz:
pára de ouvir essa musica

' david lucena diz:
eu nunca vou parar de ouvir essa música

Bruno Amorim diz:
mas eu tou mandando

Bruno Amorim diz:
[eu tenho ciúme dela ok?]

' david lucena diz:
eu também tenho

' david lucena diz:
muito

' david lucena diz:
exceto de você.

' david lucena diz:
então sinta dos outros

' david lucena diz:
e de mim não

' david lucena diz:
vou deixar repitindo

' david lucena diz:
=]

Bruno Amorim diz:
eu tou afim de ouvir

Bruno Amorim diz:
mas n vão me deixar

Bruno Amorim diz:
e vou parecer rude se parar de falar com as pessoas enquanto a musica toca

' david lucena diz:
hein?

' david lucena diz:
vc para de falar c as pessoas qd essa música toca?

Bruno Amorim diz:
sim

' david lucena diz:
eu entendo.

' david lucena diz:
eu apago as luzes, coloco o volume no máximo e fico deitado encolhidinho

' david lucena diz:
é deliciosamente doloroso

Bruno Amorim diz:
sim

Bruno Amorim diz:
é

Bruno Amorim diz:
e vai tá na primeira cena do meu primeiro trabalho

' david lucena diz:
e vai comigo pro resto da minha vida.

' david lucena diz:
um dia,

' david lucena diz:
ainda faço uma cirurgia ouvindo essa música

Bruno Amorim diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Bruno Amorim diz:
david

' david lucena diz:
eu

Bruno Amorim diz:
calma

Bruno Amorim diz:
tb naum é assim

' david lucena diz:
o q?

Bruno Amorim diz:
fazer cirurgia ouvindo isso n pode

' david lucena diz:
claro que pode.

' david lucena diz:
é a música mais viva que conheço

' david lucena diz:
não interfira na minha leitura

' david lucena diz:
eu não costumo ver a vida como potencialmente penosa

' david lucena diz:
exceto quando ouço essa música

' david lucena diz:
e ela tem o que poder de misturar meu passado e meu presente na minha cabeça.

Bruno Amorim diz:
hummmm

Bruno Amorim diz:
mas na cirurgia tem q se concentrar

Bruno Amorim diz:
e se comunicar com os outros

' david lucena diz:
numa cirurgia,

' david lucena diz:
eu vou precisar me comunicar comigo

' david lucena diz:
com meus conhecimentos

' david lucena diz:
com minha consciência de que não vou estar abrindo um controle remoto para consertá-lo

' david lucena diz:
não é o silêncio que me concentra

' david lucena diz:
mas sim a familiaridade

Bruno Amorim diz:
hummm

Bruno Amorim diz:
então tá

' david lucena diz:
não conheço os protocolos. a parte ética da coisa.

' david lucena diz:
mas com certeza faria se pudesse.

' david lucena diz:
é pessoal, it's personal.

' david lucena diz:
=]

Monday, March 30, 2009

Um Crime Mundial

Não como Leaving New York numa noite de sexta-feira após uma longa semana de provas.
Tão masoquista quanto clássico.

É um tipo de tortura necessária. O homem que o faz por si e espera ansioso a chance de externar seus traumas, suas dores. O bode expiatório se coloca em sua frente a cada esquina.

Maldade inerente. Maldade de difícil percepção. É fácil ser o que querem, padronizar-se. E é este o grande perigo de ter na bondade e no coleguismo qualidades essenciais para uma boa aceitação social.
Eu admiro aqueles que se vestem de egoísmo e de desumanidade, quando o são. Dão-nos a oportunidade de nos afastar e de perceber o quanto podem nos fazer mal.

"Um Crime Americano" é um filme interessante. Há anos não sentia o que senti ao vê-lo. Falta de ar, desânimo absoluto, revolta, medo. E saudades de tudo que já me fez feliz. É duro admitir que por vezes é necessária a dor de um outro para que percebamos as nossas próprias dores e o nosso desejo de sermos felizes.
Tão forte quanto o desapego e/ou o descrédito com os próprios sentimentos é a necessidade de vez ou outra termos algum contato com o pior lado das piores pessoas, para que percebamos uma série de verdades. "Um Crime Americano" me tirou horas de paz. Horas do dia de ontem, horas do dia de hoje e, gostaria eu, horas do dia de amanhã, já que é fato e biológico que além de se adaptar a traumas físicos, nosso corpo e mente é uma máquina eficiente em adaptar-se a traumas, medos e desiluções. Mais do que a maioria das pessoas pensa que é, e provavelmente, mais do que deveria ser.

Bem, o filme em questão procura contar a história de Sylvia Likens, uma adolescente que é mantida num porão por algumas semanas. Torturada de várias maneiras, morre de choque e hemorragia cerebral. A Necrópsia revelou mais de 150 lesões. O filme, [como provavelmente cada uma das pessoas que conheço. E eu, mais vezes do que gostaria] comete alguns erros, como uma manobra ridícula e desnecessária que nos leva a uma falsa percepção. O diretor joga com os sentimentos do espectador com a clara intenção de entretê-lo, o que se torna cruel, já que estamos falando de um filme baseado em fatos reais e em um dos piores crimes já cometidos a uma só pessoa.


É um filme forte e potencialmente verdadeiro. É a desumanidade de uns imprimindo e forçando a humanidade de outros. E eu espero apenas que algo assim aconteça, e que ajude minimamente para que a morte dessa menina e de tantos outros, procure alguma explicação.