quando o mundo te devolve cansado as mudanças, não parece racional elegê-las como uma boa opção de crescimento.
quando fantástico é o sonho mais verossímil, pelo simples fato de tudo ser tão fantástico que a coisa mais simples te assombra.
quando se pega pensando no meio da produtividade das férias se melancia dá em terra fria. porque se não der, as pessoas daquele passado bem passadão não tiveram o prazer de comer melancia bem gelada. e depois concluindo que tanto faz. as de terra quente que não tinham dinheiro e/ou tempo pra passar meses num navio e partir pra rússia nunca comeram melancia bem gelada, mas também não tinham uma tevê pra ligar no domingo e se deparar com o faustão.
quando se acabar de rir é lembrar de piadas antigas e situações mais antigas ainda porque tudo que é novo te parece tão sem graça. e quando tem graça, te parece tão velho minutos depois.
quando você percebe que ainda não teve a boa vontade de parar uns segundos, procurar um livro de gramática e aprender finalmente a usar direitinho os porquês. porque para você, porque, por que, porquê e por quê é tudo a mesma coisa.
quando ver "007 e do tempo do baú" com teu pai é a única maneira de se distrair por algumas horas. e se distrair de você mesmo é a melhor e mais difícil distração que se pode existir naquele momento.
quando você estoura um pneu, desce para trocá-lo com a ajuda da luz bem fraca do único poste em quilomêtros no meio de uma das rodovias mais violentas do país e se diverte mais que em toda a viagem que deveria ter sido supimpa.
quando dá vontade de gritar tudo sem vírgulas. e se grita! mas as vírgulas tem rodeiam, te ajudam, te norteiam e fazem teu grito se acabar aos poucos, até ser voz como sempre.
quando metonímia é a figura mais usada. porque é figura de preguiça, não de beleza. é embuste linguístico. é temporário, sabemos. não demora e te voltam tuas hipérboles, tuas prosopopéias. você é arte só por ser gente. é o mundo que te pinta barão.
quando teu eu se confunde com o meu porque todo mundo é em essência só crescimento e morte, no crescimento as igualdades e diferenças. na morte só igualdades, porque até os processos que te matam são crescimento. morte é morte e não se sente.
quando morbidez, altivez e vez rima junto e te delega sentimentos, fúrias e reações. mas nunca te altera, rima não te altera, rima te mantém.
quando fantástico é você que continua sendo você mesmo, mesmo depois de milhões de mudanças físicas e comportamentais, que te reconhece e te ama de todas as maneiras. porque você só pode ser você e ninguém mais pode ser. antítese intratextual.
Wednesday, January 13, 2010
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